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Ataque ao óleo Saudita e reação Mundial

Incêndios na planta de Abqaiq, Arábia Saudita (2019)

Neste ultimo sábado (14), drones atacaram duas grandes instalações da petroleira Saudi Aramco, na Arábia Saudita, e provocaram incêndios, o ataque foi reivindicado pelos rebeldes huthis do Iêmen. O ataque provocou incêndios na refinaria de Abqaiq, a maior do mundo, e nas infraestruturas de Khurais, que é o segundo maior campo petrolífero da Aramco, obrigando a empresa a suspender a produção de 5,7 milhões de barris, a metade de seu volume diário, de acordo com o Wall Street Journal.


Essa ofensiva é a mais grave na infraestrutura petrolífera Saudita desde que Saddam Hussein, no Iraque, disparou mísseis Scud para o reino durante a primeira Guerra do Golfo. Os ataques dos rebeldes houthis do Iêmen contra alvos sauditas não são eventos raros e fazem parte da guerra que vem ocorrendo há anos no país. A Arábia Saudita apoia o governo iemenita liderado por Abd-Rabu Mansour Hadi, que enfrenta a oposição do movimento Houthi, que é apoiado pelo o Irã.

Em resposta ao ataque, o mercado ao retomar as negociações desta segunda-feira, tiveram uma subida de 19% nos futuros de petróleo Brent e foram negociados acima de US$ 70 por barril pela primeira vez desde maio. O petróleo WTI subiu 15,5%, para uma alta de US$ 63,34 por barril.

Entretanto, mesmo com os rebeldes houthis no Iêmen assumindo a responsabilidade pelos ataques, o secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, culpou o Irã diretamente, sem oferecer evidências para essa conclusão. Em um tweet, ele declarou,

“Teerã está por trás de quase 100 ataques à Arábia Saudita, enquanto Rouhani e Zarif fingem ter diplomacia. Em meio a todos os pedidos de redução, o Irã agora lançou um ataque sem precedentes ao suprimento de energia do mundo. Não há evidências de que os ataques vieram do Iêmen.”

O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Musavi, em respostas descreveu de “mentiras sem sentido” as alegações lançadas pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

“Essas palavras parecem fruto de um complô organizado por serviços secretos para desprestigiar a imagem de um país e preparar o caminho para ações futuras”

O presidente Donald Trump, alertou através do twitter que espera a analise dos sauditas sobre o verdadeiro culpado pelos ataques, para dar os próximos passos.

Planta Abqaiq

A planta de processamento de Abqaiq é a instalação mais importante do setor de petróleo saudita. De acordo com a Bloomberg, em 2018, processou cerca de metade da produção de petróleo do reino, São cerca de 5 milhões de barris por dia, isso significa, um em cada 20 barris de petróleo usado em todo o mundo.

Abqaiq é uma planta critica, de maior peso do que os terminais de exportação do Golfo Pérsico ou o Estreito de Ormuz. Isso ocorre porque o petróleo pode ser desviado do Golfo Pérsico e de Hormuz, bombeando-o através do país para o Mar Vermelho através do oleoduto Leste-Oeste. Mas não pode ignorar Abqaiq. O oleoduto Leste-Oeste começa em Abqaiq e a produção dos campos gigantes de Ghawar, Shaybah e Khurais é processada lá, de modo que um ataque às instalações impactará os fluxos de petróleo para os terminais de exportação nas duas costas.

Esse ataque ocorre apenas meses depois que os drones, supostamente lançados do Iraque pelos rebeldes houthis do Iêmen, atingirem estações de bombeamento de oleoduto. A escalação desses vários ataques coincicidem com a decisão do presidente Donald Trump de retirar os EUA do acordo nuclear de 2015 com o Irã e restabeleceu sanções econômicas prejudiciais contra a República Islâmica.

Oferta de Óleo

O ataque também testará estoques em países consumidores de petróleo. Os membros da Agência Internacional de Energia são obrigados a manter 90 dias em importações de petróleo em estoques de emergência e esses serão pressionados a entrar em serviço se a interrupção em Abqaiq for prolongada.

O governo dos EUA já se pronunciou que está preparado para usar a Reserva Estratégica de Petróleo, se necessário, para compensar qualquer perturbação do mercado. A Agência Internacional de Energia, que ajuda a coordenar os estoques de emergência dos países industrializados, disse estar monitorando a situação.

No twitter, o presidente dos EUA, Donald Trump, se pronunciou,

“Com base no ataque à Arábia Saudita, que pode ter um impacto nos preços do petróleo, autorizei a liberação de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo, se necessário, em uma quantidade a ser determinada, suficiente para manter os mercados bem abastecidos. Também informei todas as agências apropriadas para agilizar as aprovações dos oleodutos atualmente em processo de permissão no Texas e em vários outros Estados.”

Os países que, poucos dias atrás, estavam sendo obrigados a cumprir as cotas de produção acordadas em dezembro pela OPEP, agora bombearão o máximo possível para compensar as perdas da Arábia Saudita. Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque aumentarão a produção o máximo que puderem. Mas o país com muita capacidade não utilizada, o Irã, provavelmente não verá nenhum alívio nas restrições impostas às vendas de petróleo pelos EUA. Seu apoio aos rebeldes houthis no Iêmen, garantirá que qualquer alívio da pressão exercida sobre ele permaneça apenas nos sonhos.

De acordo com o consultor do setor Energy Aspects em uma nota enviada aos clientes no domingo. A Arábia Saudita cumprirá as obrigações com os fornecedores diminuindo as reservas, pois a empresa estatal de petróleo Saudi Aramco trabalha para recuperar todos os 5,7 milhões de barris por dia perdidos depois que o plano de processamento gigante da Abqaiq foi incendiado.

A estatal saudita, em tese, poderá manter os clientes atendidos por várias semanas utilizando uma rede de armazenamento global. Os sauditas mantêm milhões de barris em tanques no próprio reino, além de três locais estratégicos em todo o mundo: Roterdã na Holanda, Okinawa no Japão e Sidi Kerir na costa mediterrânea do Egito. De acordo com a Bloomberg, uma das opções dos sauditas é em vez de fornecer a alguns clientes os tipos usuais de petróleo bruto da Arab Light ou Arab Extra Light, a empresa pode oferecer a eles Arab Heavy e Arab Medium como um substituto.

Embora a oferta no mercado global não seja interrompida no curto prazo, é provável que os preços subam quando abrirem durante a semana, à medida que os traders analisarem todo o dano do ataque. Antes do ataque, a Arábia Saudita bombeava cerca de 9,8 milhões de barris por dia, quase 10% da produção global.

Para o mercado mundial de petróleo, uma parada de 5,7 milhões de barris por dia da Arábia Saudita seria a pior interrupção súbita de todos os tempos. Segundo dados do Departamento de Energia dos EUA, esse interrupção se comprovada, superaria eventos como a perda do suprimento de petróleo do Kuwait e do Iraque em agosto de 1990, quando Saddam Hussein invadiu seu vizinho e a perda da produção de petróleo iraniana em 1979 durante a Revolução Islâmica.

João Vitor Diretor de Projetos do Portal do Petroleiro Graduando em Engenharia de Petróleo

FONTES:

  1. Attack on Saudi Oil Plant Is What Everyone Feared: Oil Strategy, https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-09-14/attack-on-saudi-oil-plant-is-what-everyone-feared-oil-strategy

  2. Saudi Oil Attack Is the Big One, https://www.wsj.com/articles/saudi-oil-attack-this-is-the-big-one-11568480576

  3. Saudis Set to Restore Near Half Output Lost to Drone Strike, https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-09-15/saudis-race-to-restore-oil-output-after-crippling-aramco-attack

  4. Saudi Oil Output Cut in Half After Drones Strike Aramco Site, https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-09-14/saudi-aramco-contain-fires-at-facilities-attacked-by-drones

  5. Arábia Saudita corta produção de petróleo após ataques de drones, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/09/14/arabia-saudita-corta-producao-de-petroleo-apos-ataques-de-drones-dizem-sites.ghtml

  6. Tweets do Presidente Donald Trump, https://twitter.com/realDonaldTrump

  7. This Is Where Saudi Arabia Gets Its Oil, https://www.bloomberg.com/news/photo-essays/2018-12-03/this-is-where-saudi-arabia-gets-its-oil

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